domingo, 28 de junho de 2015

          DSP AGARRADO AO PODER

Os últimos acontecimentos que ilustram a actualidade na Guiné-Bissau demonstram que estamos muito longe da tão apregoada estabilidade sociopolítica que um dia apresentamos à Comunidade Internacional como uma das contrapartidas de peso para credibilizar o nosso País aos olhos dos nossos parceiros de desenvolvimento e consequentemente para o sucesso da “Mesa Redonda” de Bruxelas, que nos permitiu mobilizar avultados recursos financeiros, imprescindíveis às inadiáveis reformas estruturais de que tanto carece a Guiné-Bissau.

A mudança geracional do Poder, efusivamente saudado pelo nosso povo e pela comunidade internacional, que por ideia devia lançar as sementes da Paz e da convergência nacional, enterrar para sempre o nosso passado sangrento e renovar a esperança do nosso povo num futuro que justifica o imenso sofrimento que tem colorido o terrível percurso da sua história secular, transformou-se num autêntico pesadelo nacional, numa profunda decepção, desiludindo até os mais optimistas, pela sua gritante incapacidade de remover os factores que têm contribuído para o germinar e persistir do caos político que continua a ameaçar os nossos esforços de desenvolvimento.

Se governar não é fácil, governar a Guiné-Bissau, apesar da sua diminuta dimensão territorial e de possuir uma população relativamente pequena, constitui um desafio muito sério, insuperável com a simples formação académica.

A enorme crispação reinante na atmosfera política do nosso País resulta da atitude arrogante e prepotente do Presidente do PAIGC e Primeiro-Ministro, Eng.º Domingos Simões Pereira, que exclui quaisquer hipóteses de convivência pacífica com os demais representantes do Poder, inclusive com os próprios membros do seu Governo – um Governo que ele insiste em manter, apesar do seu reconhecido descrédito, resultante das acusações de crime de corrupção que pairam sobre muitos dos seus membros e que já provocaram sonantes demissões, tais como a do Ministro da Presidência, dos Assuntos Parlamentares e Porta-Voz do Governo, Dr. Baciro Djá (2º na hierarquia governamental) e a do Secretário Nacional do PAIGC, Sr. Abel da Silva, que não pretenderam continuar a coabitar com uma situação que classificaram de vergonhosa e prejudicial à imagem do País.

Desde a chegada do Eng.º Domingos Simões Pereira ao poder, que não tem feito mais do que declarar guerra à todos os quadrantes da sociedade guineense (desde simples militantes, que não lhe apoiaram no Congresso ao 1º vice-presidente do seu Partido; desde cidadãos comuns do seu País, que ousaram criticar a actuação do Governo numa determinada circunstância, ao Presidente da República, por quem ele nutre um profundo ódio e desprezo). Este comportamento extremamente perigoso e irresponsável do Primeiro-Ministro é premeditado e explica a sua decisão de incluir o PRS no Governo, convencido que o apoio parlamentar desse Partido lhe atribuía vantagens na guerra com o seu próprio Partido, o PAIGC e lhe permitia evidenciar o seu estilo ditatorial de liderança, baseado na retrógrada filosofia de POSSO, QUERO E MANDO, não fosse a tenaz e esclarecida oposição do Presidente da República, que, contrariando o populismo do actual governo, comunga uma visão estratégica mais realista, mais pragmática e mais progressista para a Guiné-Bissau.

Os guineenses estão profundamente desgastados e desiludidos com o actual governo, sobretudo com os “demarches” do Primeiro-Ministro que, em vez de seguir os brilhantes exemplos do Dr. Baciro Djá e do Sr. Abel da Silva, não tem poupado esforço para se manter no poder (recorrendo à intervenção de estrangeiros para mendigar o Presidente da República a não derrubar o governo; organizando conferências e todo o tipo de eventos lamuriantes; produzindo discursos “reconciliadores”, prometendo dialogar com o Presidente da República e inclusive… e inclusive, remodelar um Governo em cuja formação descartou por completo a opinião do Presidente da República e que pomposamente apelidou de “Governo de Excelência”, quando o mais correcto devia ser “Governo de Ratazanas”.

Inexplicavelmente, o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau deixou-se imbuir pelo ódio e pelo revanchismo. A opinião geral define-o como um homem malvado, rancoroso, conflituoso e de ideias fixas, incapaz de estabelecer com os seus parceiros um espaço de diálogo equitativo. Nesta ordem de ideias, qualquer proposta decorrente da sua parte é encarada com natural desconfiança e cepticismo. Pelo que, para o bem de todos e para o desanuviar do ambiente sociopolítico, a solução mais adequada a instabilidade que se vive no nosso País, por uma questão de honra e dignidade é, sem sombra de dúvidas, A SUA DEMISSÃO E A CONSEQUENTE QUEDA DO SEU GOVERNO.
NOTA DE RODAPÉ:
“A COMPOSIÇÃO DO GOVERNO QUE ACABEI DE PROMULGAR É DA INTEIRA RESPONSABILIDADE DE S. EX.ª, O SR. 1º MINISTRO, NÃO TIREI E NEM ACRESCENTEI NELA UMA ÚNICA VÍRGULA”   
“JOMAV”
É VERDADE, FOI ISSO QUE ACONTECEU:

NA FORMAÇÃO DO ACTUAL EXECUTIVO, CONTRARIANDO O QUE É HABITUAL NA NOSSA PRÁTICA INSTITUCIONAL E QUE ELE PRÓPRIO FARIA QUESTÃO DE CUMPRIR SE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA SE CHAMASSE POR EXEMPLO” NINO VIEIRA”, O PRIMEIRO-MINISTRO, NUMA ATITUDE ARROGANTE, EVOCANDO SOBERANIA INSTITUCIONAL, DECIDIU FAZER TUDO SOZINHO, DISPENSANDO POR COMPLETO AS OPINIÕES E SUGESTÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, CHAMANDO À SI TODAS AS RESPONSABILIDADES PELO SEU DESEMPENHO;

UM ANO DEPOIS, O PROMETIDO “GOVERNO DE EXCELÊNCIA”, COMPOSTO POR “INDIVÍDUOS DE OUTRA GALÁXIA”, VIROU “GOVERNO DE RATAZANAS” , COM MAIS DE METADE DOS SEUS MEMBROS INDICIADOS POR CRIME DE CORRUPÇÃO ACTIVA. NESTE CONTEXTO, O MÍNIMO QUE SE PODIA ESPERAR DA S. EX.ª O SR. PRIMEIRO-MINISTRO ERA O RECONHECIMENTO DO FRACASSO DO SEU PROJECTO E CONSEQUENTEMENTE A SUA DEMISSÃO E NÃO EXIGIR AS DEMISSÕES DOS OUTROS, PELAS SEGUINTES RAZÕES:

PORQUE NÃO FORAM ELES QUE FORMARAM O GOVERNO;

PORQUE NÃO FORAM ELES QUE TANTAS PROMESSAS VÃS FIZERAM AO NOSSO POVO;

PORQUE NÃO FORAM ELES QUE INICIARAM TODA ESSA GUERRINHA DESNECESSÁRIA QUE NOS TROUXE ATÉ AQUI;  

PORQUE NÃO SÃO ELES QUE ESTÃO A COLOCAR EM PERIGO A UNIDADE NACIONAL - O NOSSO POVO NUNCA ESTEVE TÃO DIVIDIDO COMO HOJE, ENTRE:

1.       Amigos e clientes do Primeiro-Ministro, que ainda sonham com uma oportunidade para participar no banquete;

2.       Os que não querem continuar a ser governados por ladrões e saqueadores, desprovidos de massa cinzenta para perceberem que a sua missão é servir e não servir-se do Estado para retirar benefícios pessoais.

HOJE, NA GUINÉ-BISSAU, CONSIDERANDO A SITUAÇÃO VIGENTE, A DEMISSÃO DO ACTUAL PRIMEIRO-MINISTRO OU O SEU AFASTAMENTO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NÃO PROVOCARIA NENHUM CATACLISMO NACIONAL, PORQUE SERIA PARA O BEM DA NAÇÃO.

“OS CEMITÉRIOS ESTÃO REPLETOS DE INSUBSTITUÍVEIS, ENTRETANTO A HISTÓRIA CONTINUA TRIUNFANTEMENTE O SEU CURSO!”


Bem-haja a todos! 

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