segunda-feira, 29 de junho de 2015

"CEBOLAS PODRES"

Jorge Herbert, foi um dos protagonistas que abriram frente contra os nossos militares e políticos de Transição. Apoiante convicto da governação cadogista. Assinou um artigo de opinião intitulado "Um ano de populismo, corrupção e anti-constitucionalismo", publicado no blog conosaba, concluindo o seguinte: "O meu desejo é que o actual Governo cumpra o seu mandato, sob o olhar sempre atento do Presidente da República, e que o Governo tenha a coragem de renovar-se, removendo do seu seio as “cebolas podres”, para que consiga levar ao bom porto a sua governação, sem defraudar as expectativas do povo, e que comece a trabalhar de forma séria e com coragem necessária, nas reformas prioritárias e profundas que o país e a sociedade guineense precisam."

Ora, concordo com a abordagem desse nosso compatriota em vários aspectos. Sobretudo, no que diz respeito a desejos de paz e progresso para a sociedade guineense. O que, a meu ver, parece algo extemporâneo na sua reflexão é em relação a ideia de separar "cebolas podres". Em primeiro lugar, o nosso país é soberano e não podemos, constantemente, estar a conduzir e a olhar ao mesmo tempo pelos retrovisores, preocupados com o que as outras nações do mundo pensam sobre nós. Só os aprendizes guiam assim e acabam batendo. É verdade que temos que nos dar ao respeito e olharmos ao espelho. Por outro lado, mudanças democráticas, sem violência, são salutares para qualquer comunidade política. Faz parte da dinâmica política interna, tomar iniciativas sociais que apenas a nós guineenses diz respeito resolver, e a mais ninguém em face da terra.

Em terceiro lugar, não gostaria que o nosso irmão Herbert se preocupasse com o cumprimento do mandato ou legislatura deste Governo, visto que o período de mandato é de quatro anos e pertence inteiramente ao partido maioritário, o PAIGC. O nosso desejo é que os libertadores levem o seu mandato até ao fim. Pois, em todo o mundo democrático, a mudança de governo é um acto normal e não será na Guiné-Bissau que vai virar excepção, motivo de chantagem política, condicionando o cumprimento da legislatura ao desbloqueamento de promessas de Mesa Redonda de Bruxelas, ou até associá-la à confusão, instabilidade política ou até às guerras. 

Pega leve meu caro Herbert. "Cebolas podres" como bem disse, não serão apenas a maioria dos membros do governo arguida com  processo crime a manchar, neste momento, o bom nome e a imagem do nosso país. É, sem dúvida, a própria postura política do actual Primeiro-Ministro que deixa muito a desejar. Analistas de vários quadrantes da política nacional e estrangeira já o aconselharam a largar o leme, mas o rapaz continua obcecado pelo poder. Porque é peão de algum grupo financeiro internacional? Só pode!

Se o DSP tivesse nobreza de carácter imitaria a postura política assumida pelo Secretário Nacional do PAIGC, Abel da Silva Gomes e do Ministro da Presidência e do conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares, Baciro Djá, que puseram os seus lugares à disposição do Líder do PAIGC e do Primeirro-Ministro, aludindo, então, à falta de confiança manifestada por este (o Líder) na reunião de Comité Central. Pergunto: porquê que o DSP não tem coragem de se demitir e sair pela porta grande, se ele próprio alega de palanque em palanque, que "o Presidente da República o considera quase como persona non grata"?


Portanto, as ditas "cebolas podres" têm a quem sair, têm mãe, quem as terá concebido e contaminado, que é o próprio DSP, por onde, obviamente, se devia começar com a tal renovação corajosa e de levar ao bom porto a governação do nosso país. Defraudar expectativas? O povo já está cansado dessas ratazanas, que agora estão a fugir para as tocas para não se apresentar à Justiça. Pergunto ao senhor Jorge Herbert, se é  apologista também da ideia de cinco anos de Estado de Graça para o actual Governo?

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