sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

UPG DÁ BENEFÍCIO DE DÚVIDAS AO GOVERNO ATÉ À MESA REDONDA DE BRUXELAS

Fernando-Vaz
O líder da União Patriota Guineense (UPG), Fernando Vaz, disse numa entrevista exclusiva ao semanário Jornal O Democrata que a sua formação política dá o benefício de dúvidas ao executivo de Simões Pereira até à realização da Mesa Redonda de Bruxelas (Bélgica). Na entrevista, Vaz afirmou que as supostas divergências entre o Chefe de Estado, José Mário Vaz e o Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira são problemas de índole pessoal, que se traduziram em conflito institucional.
Este político acrescentou ainda que a referida situação é motivada pela quebra da herarquia que se regista no seio daquela formação política, onde o presidente do Partido transformou-se em Primeiro-ministro e um indivíduo que nem se quer estava na Direção Superior é chefe do presidente do Partido a nível do Estado.
“Vejam só, o Primeiro-ministro que é o subordinado do Presidente da República é chefe do Presidente no Partido no quadro da Nação. Isso é uma situação atípica. Normalmente o que acontece quando se trata do mesmo partido é o respeito pela hierarquia. Por isso é que se considera que há uma quebra da hierarquia motivada por varias razões. Diz-se em toda a praça pública que o Presidente e o Primeiro-ministro têm problemas de índole pessoal, mas nós achamos que os problemas pessoais deveriam ser postos atrás das costas, porque a Nação é que está em primeiro lugar”, explicou.
O ex-ministro da Presidência do Conselho dos Ministros e Porta-voz do Governo de Transição considera que a atual situação política que se vive no país, sobretudo no concernente às “divergências entre a Presidência e a Primatura” está pôr em causa a estabilidade política do país.
Assegurou por outro lado que a própria comunidade internacional que apoiou cegamente os libertadores (PAIGC) durante algum tempo é agora a primeira a criticar esta situação, devido àquilo que se pode considerar de “guerra institucional” entre a Presidência e a Primatura.
Nando Vaz apelou as partes para porem de lado os problemas pessoais para o bem da Nação, porque as divergências que se registam entre as partes envergonham qualquer guineense.
Para o político, o desentendimento entre aquelas duas personalidades não se limita apenas na nomeação do novo titular da pasta da Administração Interna, mas também na ideologia da governação. Contou que o Chefe de Estado acha que a Guiné-Bissau não reúne condições para a exploração dos recursos naturais, enquanto o executivo, no seu programa de governação, fala da exploração dos recursos mineiros.
“Essa situação toda está agudizar a crise entre a Presidência e a Primatura, mas eles deveriam sentar-se a mesma mesa para que seja encontrada uma solução”, referiu.
Relativamente à denúncia feita pelo titular da pasta dos recursos naturais sobre o bônus de assinatura de contrato da exploração do Bauxite (estimado em 13 milhões de dólares norte-americanos) que não teria entrado no tesouro público, Vaz disse que já no período de transição o ministro da tutela na altura o alertou sobre a existência de um bônus de assinatura do contrato entre a empresa angolana “Bauxite Angola” e o Governo da Guiné-Bissau, mas até aqui está tudo no segredo dos deuses.
O político considera a situação de extremamente grave. Vaz disse que se trata de um crime contra a Nação guineense que em sua opinião merece ser investigado para que sejam apuradas as responsabilidades. Sustentou ainda que a própria empresa deveria pronunciar-se no sentido de ajudar a esclarecer a situação, e clarificar o negócio.
“É importante esclarecer esta situação, porque se não é uma mancha muito grande para as atuais autoridades”, advertiu.
Solicitado a pronunciar-se sobre a governação dos libertadores da qual fazem parte algumas formações políticas, o líder da União Patriota Guineense disse que até a realização da mesa redonda deve dar-se o benefício de dúvidas ao executivo liderado por Domingos Simões Pereira.
“Se nós aparecemos agora numa atitude extremamente crítica dirão que os golpistas levantaram-se mais uma vez para criar problemas… É por isso que damos o benefício de dúvidas ao Governo. Nós, o Governo de Transição, começamos a Mesa Redonda. Portanto manifestamos o desejo de vê-la transformar-se num sucesso, dado que vai ser um balão de oxigénio financeiro para a Guiné-Bissau”, assegurou.
NANDO VAZ QUESTIONA O BLOQUEIO QUE SE REGISTA NO REGRESSO DE CARLOS GOMES JÚNIOR
O presidente da União Patriota Guineense aproveitou a ocasião para manifestar o seu inconformismo com aquilo que considera de “bloqueio que se regista no regresso do ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior”, dizendo que não entende a razão pela qual o ex-primeiro-ministro ainda não regressou ao país.
Nando Vaz afirmou que Carlos Gomes Júnior é um cidadão nacional, pelo que no seu entender, tem todo o direito de viver na Guiné-Bissau.
“Nós já regressamos a normalidade constitucional, portanto não faz sentido Carlos Gomes Júnior não estar cá. No período em que viviamos que era o período de transição em que o poder estava meio dividido entre civis e militares que tiraram o Gomes Júnior de poder, era um bocado complicado trazê-lo. Já estamos numa situação de normalidade constitucional e não compreendo a razão pela qual ainda não voltou ao país”, assegurou.
“Será que está a ser impedido de voltar ao seu país, mas por quem?…”, questionou o político que no período de transição defendia o não regresso de Gomes Júnior.
Por: Assana Sambú
Fonte: O Democrata

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