quinta-feira, 24 de julho de 2014

DA CPLP PARA CPLQ?

A mascara caiu! João Soares, destacado militante do Partido Socialista Português e deputado, opinou sobre a adesão da Guiné Equatorial, dizendo: “Admitirmos (na CPLP) uma das ditaduras mais longas do mundo e mais corruptas é uma coisa que devia envergonhar as pessoas que têm um mínimo de caráter.” E para tapar essa vergonha, Cavaco Silva justificou que a integração da Guiné de Obiang Nguema Mbasogo, “é a melhor forma de contribuir” para o respeito pelos direitos humanos naquele país. Mas não argumentou, então, o impacto da suspensão da Guiné-Bissau na CPLP, na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.   Passos Coelho, por sua vez, para dar mais sustentabilidade a tese de Cavaco,  disse: “a CPLP não é nem nunca foi uma organização estática.” Pois, está claro, é sempre periclitante e sem identidade! Espera-se que com esta decisão se termine a época dos “sonhos”, em que se evocavam a língua comum e os direitos humanos para se imiscuir nos assuntos internos dos Estados-membro.  

É o regresso, sem identidade, ao século XV! O objetivo é encontrar rotas marítimas para o lucrativo comércio de especiaria (matérias-primas). O primeiro-ministro considerou hoje que a economia deverá assumir um papel cada vez mais central na CPLP e declarou ter convidado os Estados membros exportadores de hidrocarbonetos a usarem Portugal como porta de entrada na Europa. Pergunto: como é possível atribuir a Portugal o papel de intermediário privilegiado na Europa, num mundo cada vez mais globalizado? Os países produtores de hidrocarboneto não terão liberdade de escolha?

Até porque o comercio entre os países da língua portuguesa podia fluir naturalmente se na X Cimeira em Dili não fosse “morto” o elemento de identidade dos Estados-membros da CPLP, com a admissão da Guiné-Equatorial. Os países da língua portuguesa estão distribuídos por quatro continentes, em que, agora, nem todos falam a mesma língua. O que significa que se perdeu o ponto de partida para algo mais abrangente. A pergunta que se impõe agora é: porque não utilizar também outras nações, como Espanha como porta de entrada desse negócio na Europa? Portugal parece a brincar às escondidas e não sabe que isso pode arrastar para um novo conflito mundial…

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