quarta-feira, 29 de maio de 2013

Olá amigo Doka
Ninguém me encomendou o sermão, mas permita-me este meu pequeno desabafo:
“Nha ermons“, já tivemos a ocasião de chamar atenção sobre o assunto: “as eleições”!  

Muito embora tenhamos que recorrer às ajudas internacionais, o cozinhado far-se-á no nosso caldeirão e de forma soberana, porque quem o irá servir - seja quente ou frio - somos nós e mais ninguém! Por isso quando damos prioridade a estabilidade política na nossa terra em detrimento das eleições, nos acusam de comodismo com o status quo político. 

Os atuais representantes das Nações Unidas, José Ramos-Horta e da União Europeia, Joaquin Gonzàles Ducay, lançaram em tempos farpas nesse sentido. A dita comunidade internacional não tem ideias para Africa. Tem uma cassete: as eleiçoes, como se isso fosse o remédio para todos os males. 

Se assim fosse não tínhamos chegado onde encontramos hoje. A agenda da “comunidade internacional”, não coincide com a nossa. Para ela é o interesse económico que impera, mas para nós é o social e económico. Para aquela “comunidade internacional” que vem para Africa, a democracia redunda na realização do escrutínio, como se isso fosse a única forma apropriada, em cada etapa, de aclarar a situação política. 

Foi-nos incutido, inclusive, a noção eleitoral que distingue de um lado, os vitoriosos que tacitamente lhes é outorgado carta-branca, até para matar se for preciso e, por outro lado, os derrotados que devem ser silenciados e escorraçados da função pública. Ou seja, normalmente, as legislaturas transformaram-se nos nossos países numa espécie de transições sucessivas ao monopartidarismo, no seu sentido puro e duro da realidade. 

Sem, no entanto, debater o complexo processo que envolve o próprio escrutínio. Estamos a pensar, por exemplo, no fenómeno “banho”, muito em voga nos nossos países, organizado quase sempre pelo partido no poder. O que não deixa de ser uma forma hipócrita e sarcástica de abertura ao multipartidarismo admitido pelos chamados partidos libertadores, como é o caso do PAIGC, na Guiné-Bissau, e de outros países de Africa da língua portuguesa, em certa medida, também, atrelados a duelos fraturante, pendentes. Conclusão: as cartas estão viciadas, porque eles baralham e voltam a dar as mesmas cartas! 

A hipocrisia e o sarcasmo da abertura democrática e multipartidária na nossa terra tem que ter um fim à vista! Pois,  anós tudo i fidjos di Guiné, i ka son Manel Saturnino ku Carmen Pereira!

Abraço fraterno

Nababu Nadjenal     

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